Oi pessoal que acompanha nosso blog,
hoje estarei tratando sobre a dor. Já está doendo? Calma, nem deu tempo ainda pra
isso. Neste tópico trarei um breve histórico da noção do que é dor para a
humanidade e a bioquímica por trás dessa sensação tão desagradável, porém muito
importante para a manutenção da saúde. Boa leitura.
Assim
como a Medicina começou com uma busca simples para o fim da dor, que naquela
época era dor do corpo físico devido a esforços e usos inadequados do corpo que
debilitaram o equilíbrio corporal, também começarei este tópico abordando os
conceitos de dor.
Afinal,
o que é dor?
‘‘A dor é tão necessária como a morte." Autor – Voltaire
"As dores ligeiras exprimem-se; as grandes
dores são mudas." Autor – Séneca
"É
bom aprender a ser sábio na escola da dor." Autor – Ésquilo
A
dor é necessária? Existem dores sentidas e as que não sentimos? A dor é
passageira ou algo constante do ser? Todas essas perguntas permearam e ainda
permeiam a mente do homem desde sua gênese, em que chorou pela primeira vez em
seu nascimento. A humanidade sempre esteve em contato com a dor, e sempre
estará. Nesse sentido a dor é um caminho para o aprendizado sobre os limites do
corpo, da alma e da mente humana.
Antigamente
a dor era vista somente como consequência da lesão tecidual, atualmente,
entretanto a dor é vista como uma sensação complexa que aborda aspectos
negativos relacionados a componentes afetivos, genéticos, comportamentais,
psicológicos, emocionais e fisiológicos. Muitos estudos foram feitos e vários
outros ainda estão em andamento sobre como o corpo percebe, transmite e
interpreta a dor.
Para
isso a experiência de dor é dividida é dividida em seis fases essenciais:
sensibilização, transdução, condução, transmissão, percepção e modulação.
Aspectos
Bioquímicos e Biofísicos da dor
A
dor, geralmente, se inicia apartir de estímulos externos ou internos no
organismo que, ao atingir os tecidos (em nível tecidual), liberam substâncias
químicas conhecidas como algiogenicas11,
que ativam os nocireceptores, que são os receptores sensitivos
especializados, que se encontram em terminações nervosas livres, para recepção
de estímulos relacionados à dor. A algiogenica11 despolariza a membrana dos
nocireceptores desencadeando potenciais de ação e impulsos nervosos, o que
caracteriza uma transmissão de impulso nervoso, que irá levar essa sensação até
a medula espinhal. Para chegar ate a medula, esses impulsos são transmitidos
por três fibras, a saber: fibras A-beta (transmite em alta velocidade o
impulso), fibras A- delta e fibras C (sendo essas últimas responsáveis pela
transmissão lenta do impulso doloroso).Ao chegar na medula, pela raiz posterior
do corno dorsal, o impulso dirige-se ao encéfalo. Em nível encefálico, os impulsos
são transmitidos a fibras nervosas, que estão conectadas com o tálamo cerebral,
levando a sensação ao trato espinotalâmico, e conectadas com o trato
espinorreticular, que é a parte baixa e mais central do cérebro, e é nessa
última parte que os impulsos serão direcionados para o sistema límbico e
córtex.
Até
agora, vimos que certos impulsos que sensibilizam os nocireceptores são
tratados como ‘dor’, porém só em nível cerebral que realmente serão validados
ou não como dor efetiva. Além desse detalhe, é importante ressaltar que o que
conhecemos como dor é também influenciado por fatores culturais, ambientais e
históricos do indivíduo, mesmo que a sensação de dor em nível bioquímico ocorra
da mesma maneira.
Como
nosso enfoque não é discussão cultural a fundo e nem aspectos psicológicos da
dor no indivíduo, seguirei com a parte comum da percepção dessa sensação: a manifestação
química e física da dor.
Desde
o percurso da captação da sensação do estímulo relacionado com a dor até a
transmissão dos impulsos causados pelas algiogenicas11 até o cérebro tem-se a
ação de mecanismos moduladores, que influenciam qualitativamente e
quantitativamente na percepção da dor, constituindo assim um sistema supressor
de dor. A cada sinapse, os impulsos estão passíveis de modulação; nas áreas do
córtex, sistema límbico e tálamo, os diversos impulsos são processados e
transmitidos, de forma que o fluxo de alguns são facilitados e de outros
dificultados. E é neste ponto que podemos conceituar dor em nível bioquímico e
fisiológico, a dor consiste, portanto, em desequilíbrio entre quantificação e
qualidade dos impulsos estimulantes da noção nociceptiva e a atuação do sistema
supressor de dor.
A transmissão dos estímulos que conferem a sensação
de dor pro meio da medula espinhal não é passiva. Existem certos circuitos
intramedulares que podem modificar os estímulos e, consequentemente,
interferindo na sensação dolorosa.
Na
parte terminal da membrana de neurônios pós-sinápticos da medula espinal possui
três receptores de membrana: neurocinina 1( NK-1) para o receptor de opioide, AMPA
e NMDA, que são receptores para o glutamato. Quando o impulso chega dos neurônios
nocireceptivos e fazem sinapse com a membrana terminal dos neurônios dos circuitos
intramedulares, os potenciais de acao seguem três tipos de caminhos distintos:
- Do corno
posterior para o corno lateral, em que emite fibras simpáticas em direção aos
vasos sanguíneos a fim de produzir vasoconstricao e hipóxia, por via reflexa.
- Do corno posterior
para o corno anterior, que emitem fibras direcionadas aos músculos esqueléticos
com o objetivo de contrai-los e provocar hipóxia na região, que ira liberar
mais substancias algiogenicas desencadeando o circulo vicioso dor-espasmo-dor,
que e muito comum em quadros de dor crônica.
- Do corno
para fibras direcionadas ao córtex cerebral, que são as chamadas vias
nociceptivas ascendentes.
Quando o impulso chega ao córtex, e o local onde,
de fato, sera reconhecida a dor devido a sua acao de inicio do sofrimento, que
e inerente a dor. E isso já e a fase da modulação. A modulação tem vários tipos:
segmentar, supra-segmentar, medular e supramedular. O tipo segmentar, as fibras
A-beta terminam em forma de receptores que irão responder pela sensação tátil,
de pressão e de propriocepção consciente. A supra-segmentar ocorre por meio do
sistema analgésico central descendente e suas fibras produzem encefalinas q
agem nesse sistema e promoverão a produção de serotonina e noradrenalina, por
sua vez esses neurotransmissores descem pelo sistema ate chagar na membrana do
terminal pre-sinaptico e que, então, realizara a inibição por meio da
hiperpolarizacao da membrana
Após
a fase da modulação, o ciclo da dor esta completo e agora pode-se dizer que
realmente a dor pode ser sentida.
Bibliografia
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4. McCormack K, Twycross R. COX2 - selective inhibitors and analgesia. Pain
Clinical Updates 2002;X:1-4. 5. Gozzani JL. Fisiopatologia e
Neurofarmacologia da Dor, em Yamashita A, Takaoka F, Auler Jr JOC, Iwata NM.
Anestesiologia.
Então,
por hoje e so isso. Sintam-se a vontade pra mandar comentários com quais quer
duvidas que existam, conselhos ou sugestões.