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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Curare


                Os índios da Amazônia usam, para caça, flechas venenosas que, ao atingirem suas presas, as paralisam e matam em questão de minutos. Como isso acontece? O veneno usado nessas flechas é conhecido como curare e abrange um grande número de compostos, mas normalmente é preparado a partir de folhas do gênero Strychnos, que contêm alcaloides que inibem as placas neuromotoras dos músculos estriados esqueléticos e são encontradas nas florestas tropicais da América do sul.
                Essa inibição ocorre nos receptores nicotínicos de acetilcolina, pois no curare existem substâncias, como a curarina e a tubocurarina, que se ligam a esses receptores, competindo com a ACh, mas sem o efeito de abrir canais iônicos que esse neurotransmissor causaria. Assim, os impulsos nervosos não são transmitidos por não haver entrada de íons Na⁺ na célula muscular, fazendo com que não haja despolarização da membrana pós-sináptica, necessária para a contração. Desse modo, os músculos ficam paralisados, inclusive os que atuam na respiração, o que leva à morte por asfixia. A morte pode ser evitada por meio da realização de respiração artificial na vítima. Para que haja essa paralisia, o veneno precisa entrar diretamente na corrente sanguínea. Isso permite que seja usado para caça, pois a ingestão da carne do animal afetado pelo curare não causa envenenamento.
                A preparação desse veneno foi mantida por muito tempo em sigilo pelos índios da Amazônia. Os primeiros registros de testemunho da preparação desse composto datam do início do século XIX e, por volta da metade do século XX, começaram a ser feitos relaxantes musculares e anestésicos para cirurgias, com base nos princípios ativos do curare. O uso medicinal dessa droga aumentou a partir do momento em que foi possível obtê-la de modo sintético. Em doses pequenas e precisamente controladas, esse veneno pode ser usado como um medicamento importante, principalmente em cirurgias, relaxando os músculos do paciente e facilitando a atuação do cirurgião.

Bibliografia:

sábado, 19 de maio de 2012

GABA. Gaba o quê ?


                Oi pessoal, estou de volta, e hoje venho novamente com outro post com assuntos mais gerais e introdutórios. O tema de hoje é GABA. O que é isso??? O que isso tem haver com neurotransmissores???  Devem ter sido as primeiras perguntas que vieram a sua mente, mas não se preocupe, porque eu irei abordar assuntos básicos sobre ele.

                Primeiro, o que é ‘’ele’’? GABA é um tipo de neurotransmissor secretado por um receptor sináptico. Agora outra dúvida, o que é um receptor sináptico? Para sanar esta dúvida, receptor sináptico é um complexo proteico de característica transmembrana (que atravessa a membrana plasmática, fazendo uma conexão com a região externa e internamente à célula, neste caso, nervosa) na parte pós-sinaptica e com uma especificidade para determinado neurotransmissor ou neuromodulador, ou seja, ele é específico para dada molécula, e essa ligação de caráter químico do receptor com seu dado neurotransmissor ou neuromodulador específico é que provoca o potencial pós-sináptico.

                Voltando ao GABA. Em uma categoria de receptores, chamada gabaérgicos, se divide em: receptores hiperpolarizantes ( que são inibitórios), GABAa ( subdividindo-se em tipos ionotrópico e canal de Cl-) e GABAb (que é do tipo metabotrópico). GABA não é só um tipo de neurotransmissor, ele é o principal neurotransmissor inibitório do sistema nervoso central, entretanto é importante fazer uma pequena ressalva. A atividade majoritariamente inibitória do GABA é mais verificada em mamíferos adultos após a maturação das sinapses com gluatamato, antes disso ele é excitatório. Em nível químico e molecular, GABA é o ácido gama-aminobutírico (Gamma-AminoButyric Acid) que é produzido a partir da descarboxilação do glutamato cuja reação é catalisada pela glutamato descarboxilase (GAD) a partir do glutamato. Esse neurotransmissor apresenta três tipo dividos de acordo com suas qualidades farmacológicas e eletrofisiológicas, são eles: GABAa e GABAc (que ambos são ionotrópicos) e GABAb (metabotrópico).


                A ação do GABA, por ser um inibidor, consiste em hiperpolarizar a membrana dos neurônios e com isso fazendo com que os processos para sua despolarização tornem-se mais difíceis e dessa forma dificultando a propagação do impulso nervoso. Ele faz essa ‘’manobra’’ de hiperpolarização da membrana ao facilitar a entrada de cloreto no neurônio tornando seu interior mais negativo do que já o é.
                                                                                                                                                                                                                         
                O GABA, que é produzido em neurônios pré-sinapticos para atuar nos pós-sinapticos, é armazenado em vesículas após sua síntese e encaminhado para a fenda sináptica. Ao sair do neurônio pré-sinaptico, ele é captado e reconhecido por receptores pós-sinapticos especificos (GABAa, GABAb e GABAc) e direcionado ao interior da célula para sua catálise. Dentro da célula, a enzima GABA transaminase (GABA-T) metaboliza o GABA e tendo como um dos produtos o semialdeido succínico, que será oxidado a ácido succinico e que, na mitocôndria, é transformado em alfa-cetoglutarato. Novamente com a ação da GABA-T, o alfa-cetoglutarato irá ser convertido em L-glu e este, posteriormente, em glutamina que será utilizada no neurônio.


                Bibliografia

                Por fim, espero que tenham tido suas respostas respondidas satisfatoriamente e qualquer dúvida, curiosidade, conselhos não hesite entrar em contato conosco por e-mail ou por meio dos comentários.
Obrigada pela atenção,
Yara Godoi.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Acetilcolina e Serotonina


Oi pessoal!

                Quem está postando pela primeira vez aqui é a Yara Godoi, aluna de medicina da Universidade de Brasília, e que começará participando deste blog sobre neurotransmissores, drogas e doenças mentais com um post inicial, tranquilo e bem fácil, sobre dois neurotransmissores bastante importantes no nosso organismo: a serotonina e a acetilcolina.
Tenham uma boa leitura!

Acetilcolina

                 A acetilcolina (ACh) é um neurotransmissor importante e essencial do Sistema Nervoso Central e Sistema Nervoso Periférico (que contém os sistemas nervosos autônomo e somático ).Sua descoberta desdobrou-se em Premio Nobel de Fisiologia/Medicina para Henry Hallet Dale, que estudou o seu comportamento em nível tissular cardíaco, e para Otto Loewi, pelo estudo em nível de função e ação do nervo vago.
               Esse neurotransmissor, quimicamente, é um éster do ácido acético e da colina. Seus centros de produção no cerebelo, tálamo e córtex cerebral, submetidos a ações excitatórias ou inibitórias. Sua síntese é realizada em uma única reação catalisada pela enzima colina-acetiltransferase, a partir de colina e acetil-CoA tendo como produtos acetilcolina e CoA(coenzima-A).Assim como a ACh está submetida a enzima anabólica colina-acetiltransferase, ela também é suscetível a enzima acetilcolinesterase (AChE), que inativa sua função degradando-a em metabólitos inativos de colina e ácido acético.

                A ACh é liberada, apartir do axoplasma do neurônio, nas regiões terminais das placas motoras. Nesses locais também estão presentes a enzima acetilcolinesterase (AChE), que serve como regulador da atividade da ACh. Como a ação da AChE é imediata,  ela tem a função de eliminar rapidamente concentrações excessivas de ACh da fenda sináptica de maneira a manter a correta atividade muscular.

Efeitos da ACh:

                No coração.
                               Como proposto por Henry Hallet Dale e pesquisas e estudos recentes, no sistema cardiovascular, a ACh promove a vasodilatação e, consequentemente, diminuição da frequência cardíaca, e também reduz a força da contração cardíaca por meio da diminuição das transmissões elétricas em nível interior cardíaco.

                Na mente.
                               A ACh também é conhecida como neurotransmissor cognitivo,  auxiliando, por exemplo, no processo de aprendizagem.

                               Como é um neurotransmissor da cadeia parassimpática, majoritariamente, ele também participa dos processos característicos do ‘’rest and digest’’, típico das ações movidas pelo Sistema Nervoso Parassimpático. Dessa forma, a ACh provoca broncoconstrição, dilação de esfíncteres gastrointestinais, sudorese, maior salivação e miose.

Serotonina

                Agora continuando com outro neurotransmissor importante, temos a serotonina. Esse neurotransmissor é uma monoamina e que tem como precursor direto o triptofano, que é largamente encontrado em bananas, tomates, chocolate e vinhos. 

                Atualmente, a serotonina está intrinsecamente relacionada ao equilíbrio e transtornos do humor e ao ciclo circadiano (fome e vigília). Sua função majoritária é conduzir a transmissão de um neurônio a outro, assim, a serotonina influi sobre quase todas as atividades cerebrais. 

                Os níveis de serotonina no organismos são dados importantes para determinar se o indivíduo está deprimido, violento, depressivo, irritado, compulsivo e entre inúmeros outros comportamentos. Dessa maneira pode-se inferir que assim como ela pode elevar o humor e conferir uma sensação de satisfação e bem-estar, ela também pode causar deficiências e anormalidades cerebrais quando em falta. Nesse sentido, estudos mostram que baixa concentração de serotonina está relacionada ao Mal de Parkinson, Mal de Huntington, problemas relacionados ao sono e entre outros.

Bibliografia






                  Depois dessas explicações, você entende porque se sente mais satisfeito e até mais feliz após comer um pedaço de chocolate ou um gole de vinho.

                 Por hoje é só isso pessoal. Qualquer dúvida, curiosidade, conselhos não hesite entrar em contato conosco por e-mail ou por meio dos comentários.

Obrigada pela atenção.

Yara Godoi.