quinta-feira, 31 de maio de 2012

Curare


                Os índios da Amazônia usam, para caça, flechas venenosas que, ao atingirem suas presas, as paralisam e matam em questão de minutos. Como isso acontece? O veneno usado nessas flechas é conhecido como curare e abrange um grande número de compostos, mas normalmente é preparado a partir de folhas do gênero Strychnos, que contêm alcaloides que inibem as placas neuromotoras dos músculos estriados esqueléticos e são encontradas nas florestas tropicais da América do sul.
                Essa inibição ocorre nos receptores nicotínicos de acetilcolina, pois no curare existem substâncias, como a curarina e a tubocurarina, que se ligam a esses receptores, competindo com a ACh, mas sem o efeito de abrir canais iônicos que esse neurotransmissor causaria. Assim, os impulsos nervosos não são transmitidos por não haver entrada de íons Na⁺ na célula muscular, fazendo com que não haja despolarização da membrana pós-sináptica, necessária para a contração. Desse modo, os músculos ficam paralisados, inclusive os que atuam na respiração, o que leva à morte por asfixia. A morte pode ser evitada por meio da realização de respiração artificial na vítima. Para que haja essa paralisia, o veneno precisa entrar diretamente na corrente sanguínea. Isso permite que seja usado para caça, pois a ingestão da carne do animal afetado pelo curare não causa envenenamento.
                A preparação desse veneno foi mantida por muito tempo em sigilo pelos índios da Amazônia. Os primeiros registros de testemunho da preparação desse composto datam do início do século XIX e, por volta da metade do século XX, começaram a ser feitos relaxantes musculares e anestésicos para cirurgias, com base nos princípios ativos do curare. O uso medicinal dessa droga aumentou a partir do momento em que foi possível obtê-la de modo sintético. Em doses pequenas e precisamente controladas, esse veneno pode ser usado como um medicamento importante, principalmente em cirurgias, relaxando os músculos do paciente e facilitando a atuação do cirurgião.

Bibliografia:

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Neurotransmissores e sono

Até agora, nos posts sobre sono, já foram explicados o principal mecanismo de regulação do sistema sono-vigília (o ciclo circadiano) e os estágios do sono com suas principais características. Mas e os neurotransmissores, que são o tema principal do blog? Eles têm um papel fundamental no sono, porém até para entender esse papel, aquela introdução era necessária.







Diferentes áreas do cérebro agem para induzir ou inibir o sono. Elas são chamadas, por isso, de regiões agonistas e antagonistas do sono, respectivamente. Essa ação para modular o sono se dá  por conexões dessas regiões outras regiões do cérebro, que têm sua atividade regulada, ou com o núcleo supraquiasmático, que é o “centro de controle” do sono, com seu controle do ciclo circadiano. Essas conexões são, geralmente, neurais, ou seja, há sinapses e neurotransmissores envolvidos. Durante o sono, a maior parte dos estímulos que chegam ao núcleo supraquiasmático vem das áreas agonistas do sono, enquanto na vigília, os estímulos vêm principalmente das áreas antagonistas do sono. Os neurotransmissores presentes nos estímulos que vêm das regiões agonistas do sono são considerados indutores do sono, ao passo que os neurotransmissores presentes nos estímulos provenientes das regiões antagonistas do sono são considerados inibidores do sono ou promotores da vigília.
Dois dos principais neurotransmissores envolvidos na inibição do sono são a serotonina e a noradrenalina. Esses neurotransmissores têm níveis elevados durante a vigília e níveis baixos durante o sono, sendo que os níveis mínimos ocorrem durante o sono REM. Há indícios de que eles sejam inibidores do sono REM. Os dois neurotransmissores, porém, estão relacionados a regiões antagonistas do sono diferentes, e há indícios de que a noradrenalina esteja relacionada à vigília com atenção a estímulos novos, inesperados, ao passo que a serotonina é associada a comportamentos automáticos. Além disso, a serotonina também é precursora da melatonina, um hormônio secretado pela hipófise com ação indutora do sono. Assim, apesar de estar diretamente relacionada à promoção da vigília e não do sono, há evidências de que baixos níveis de serotonina podem levar a distúrbios do sono, como insônia.

Histamina e hipocreatina são outros neurotransmissores relacionados à vigília. A histamina que promove a vigília no sistema nervoso central é o mesmo composto que é liberado pelo sistema imune quando há lesão de tecido ou reconhecimento de antígeno, causando edema e inflamação. É por isso que alguns medicamentos contra alergias que inibem receptores de histamina também causam sonolência.
A acetilcolina é o principal neurotransmissor indutor de sono REM. Os níveis de acetilcolina são altos na vigília e no sono REM e há indícios de que os principais acontecimentos do sono REM, como a dessincronização das ondas elétricas cerebrais, o movimento ocular rápido e a atonia muscular são promovidos por uma área do cérebro que utiliza acetilcolina.
               Por fim, o GABA (ácido gama aminobutírico) é o principal neurotransmissor indutor do sono não REM. Como já foi visto no post específico sobre GABA, há três tipos de receptores para GABA, e a ativação de todos eles induz o sono não REM, especificamente os estágios 3 e 4, que são os mais profundos desse período. Diversos medicamentos contra a insônia e outros distúrbios do sono presentes no mercado se baseiam nessas propriedades do GABA, e muitos deles são suplementos contendo o neurotransmissor em si.
Solgar GABA 500Mg

Bibliografia:
GOTTESMANN, Claude. GABA Mechanisms and Sleep. Neuroscience. Volume 111, No 2, pp 231-239, 2002

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Dizem que sou louco

    Boa noite pessoas!!Vamos então (finalmente!) começar a falar de transtornos psíquicos.
    Doença mental na medicina é definida como uma  variação mórbida que resulta em certa deterioração ou pertubação do convívio e organização pessoal em uma ou mais esferas da vida. Além disso, para serem caracterizadas como transtornos mentais, é preciso que essas anormalidades sejam persistentes ou recorrente. Portanto uma angústia causada em virtude de circunstâncias pessoais ou sociais, normalmente não constituem como distúrbios mentais, a menos que satisfaçam todos os critérios necessários para o diagnóstico de determinado distúrbio.
     É comum observarmos uma pessoa chamar outra de louca.Esse comentário pejorativo, na grande maioria das vezes não intenção nenhuma de atribuir um diagnóstico.O desabafo de chamar uma pessoa qualquer de louca tornou-se banal, mas não podemos entender que a medicina classifica a loucura como um rótulo impreciso e trivial.
                           
                                                         
´´Os transtornos mentais são condições clinicamente significativas, caracterizada por alterações no modo de pensar e do humor ou por comportamentos associados a deterioração do funcionamento intelectual(...). Há de se considerar que tais transtornos são fenômenos claramente anormais ou patológicos´´
Conceito de transtornos mentais segundo a OMS

     A partir do estabelecimento de uma norma, é possível compreender o que seria a anormalidade.Existem critérios que analisam uma população e assim, definem quem possui ou não um caráter patológico. Há uma categorização que diz respeito às formas quantitativas. Basicamente, ela está relacionada à frequência de casos, ou seja, o estado que a maioria das pessoas apresenta é considerado o normal.
     Por outro lado, entendendo doença uma alteração que causa prejuízos em diferentes aspectos do indivíduo, é necessário levar em conta critérios valorativos, que analisam a importância sociocultural e de que forma contribuem a maneira do indivíduo existir. Este último critério engloba normas funcionalistas, sociais e subjetivas, que aumentam o grau de complexidade de definição do que é ou não é normal. 
     As causas para o desenvolvimento de um transtorno psíquico envolvem múltiplos fatores, como fatores biológicos, socioculturais, psicológicos.Os fatores biológicos servem par compreender predisposições genéticas, funcionamento do organismo e metabolismo. Para seguir o objetivo do blog, as causa que envolvem sistemas do corpo humano terão destaque Os principais sistemas relacionados com os transtornos mentais são o sistema nervoso, endócrino e imunológico.
     O próximo post irá discutir a relação entre ansiedade, estresse e depressão. Só para introduzir o assunto é interessante saber que no caso da ansiedade, ocorre um distúrbio que desregula os níveiso de serotonina na fenda pós-sináptica. O aumento da carga de serotonina provoca um aumento anormal da atividade cerebral. Quimicamente a serotonina ou 5-hidroxitriptamina (5-HT) é uma indolamina, produto da transformação do L-Triptofano, ou seja, sabe-se hoje, que o triptofano é um precursor direto da serotonina.
     Enquanto houver a permanência do da situação de perigo, catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) circulam pelo corpo. São hormônios responsáveis por preparar o organismo para situações de estresse. Esse desequilíbrio mantido por muito tempo ou em casos mais graves pode levar o indivíduo a depressão. Pessoal, esse é só um início para que as para que a bioquímica relacionada aos principais transtornos seja discutida mais detalhadamente, em breve!


Bibliografia:http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=41




domingo, 27 de maio de 2012

Um Barato natural: Endocanabinoides



Antes de começar a postar gostaria de agradecer a todos que me apoiaram nesse momento difícil. Valeu pela força e por mostrarem que estão preocupados, agradeço a essa família linda que é a biológica e as outra que são os amigos. E ainda e a essa família maravilhosa e diversa que eu descobri fazer parte, chamada medicina Unb.
Então amigos, boas noites, quem fala aqui é o Felipe (Fifi) para os íntimos, como o prometido segue agora uma postagem sobre endocanabinoides. Um instante antes de começar a postar o tema me chamou muita atenção logo de cara, como assim endocanabinoides quando pensamos na palavra canababinoide, vem à mente maconha, então como assim maconha endógena?  Não é exatamente isso, mas é um sistema parecido com o utilizado pelos fitocanabinóides presentes na maconha. Vamos a postagem pois, a curiosidade já está me matando.
Quando se descobriu a existência de receptores de THC no organismo humano. Acabou-se por revelar a capacidade deste de sintetizar substâncias similares ao THC. Estas substâncias ficaram conhecidas como endocanabinoides, cujos mais estudados são a anandamida e o 2 – araquidonilglicerol (2-AG).
Os endocanabinoides são produzidos por demanda. O que nos diz que só os neurônios pós-sinápticos estimulados podem produzir endocanabinoides. Depois de produzidos, os endocanabinoides são produzidos rapidamente a partir de componentes da membrana celular, estes endocanabinoides saem do neurônio, a liberação destes compostos na fenda sináptica é dependente do aumento da concentração de cálcio no interior do neurônio ou de que os receptores unidos à proteína G estejam ativados, e se ligam nos receptores CB1 que são encontrados no terminal no terminal pré - sináptico. Os endocanabinoides produzidos e ligados aos seus receptores são enviados para o interior dos neurônios pós - sinápticos por meio de proteínas transportadoras. Uma vez dentro do neurônio, os endocanabinoides são degradados por enzimas específicas. As principais enzimas que fazem a degradação são a amida hidrolase de ácidos graxos e a lipases monoacilgilcerol respectivamente.
Os endocanabinoides, entretanto não o THC, Além de interagirem com os receptores CB1 e CB2, interagem com outro tipo de receptor chamado de vanilóide. Esse receptor tem uma grande distribuição no sistema nervoso central assim como CB1, contudo seu modo de ação é diferente do de CB1. O receptor vaniloide (TRPV) é pós – sináptico, quando ativado, promove a entrada de sódio no neurônio, desse modo ativando – o. Entre outras coisas se destaca o local de ligação do endocanabinoide como receptor vaniloide (TRPV) acontece no interior do neurônio. Logo percebe – se que para ativar um receptor vaniloide (TRPV), os endocanabinoides devem estar no interior do neurônio, diferente de CB1 que deve estar na fenda sináptica.
Os neurotransmissores clássicos, como a Serotonina, ou a Acetilcolina agem da seguinte maneira: Os neurotransmissoresos, os quais são produzidos nos terminais pré-sinápticos vindos de precursores específicos armazenados em vesículas sinápticas, esses são liberados na fenda sináptica após a entrada de cálcio no neurônio, além disso, a existência de sistemas específicos para que finalizem suas ações, incluindo a captação e a degradação enzimática.
A partir do observado percebe-se que os endocanabinoides são mensageiros um tanto quanto diferentes eles são responsáveis por transmitir informações dos terminais, pós – sinápticos para os pré-sinápticos de uma forma retrógrada: os endocanabinoides são sintetizados por meio de demanda, além disso, não são armazenados em vesículas. As sínteses ocorrem nos neurônios pós-sinápticos após o influxo de cálcio e a subsequente ativação de fosfolipases  que são responsáveis por converter os fosfolipídios em endocanabinoides. Estes parecem atingir rapidamente a fenda sináptica por meio de difusão livre ou assistida e se acomplam aos receptores CB1  pré-sinápticos. Por meio de uma rede complexa de processos de sinalização intracelular, a ativação dos receptores CB1 resulta em diminuição no influxo de cálcio nos terminais axônicos e, dessa forma, diminui a liberação do transmissor. Ainda observado da ativação do CB1, a ativação dos receptores TRPV1 pela anandamida leva à despolarização aumentada da membrana pós-sináptica. Logo observa – se, a ativação do receptor CB1 e do receptor TRPV parece que exerce efeitos opostos.
Um Grande beijo, em homenagem a semana da saúde contra a homofobia, em todos os gêneros. Boa noite e espero que tenham gostado.

Bibliografia:

sábado, 26 de maio de 2012

Bioquímica da Dor


            Oi pessoal que acompanha nosso blog, hoje estarei tratando sobre a dor. Já está doendo? Calma, nem deu tempo ainda pra isso. Neste tópico trarei um breve histórico da noção do que é dor para a humanidade e a bioquímica por trás dessa sensação tão desagradável, porém muito importante para a manutenção da saúde. Boa leitura.

            Assim como a Medicina começou com uma busca simples para o fim da dor, que naquela época era dor do corpo físico devido a esforços e usos inadequados do corpo que debilitaram o equilíbrio corporal, também começarei este tópico abordando os conceitos de dor.
            Afinal, o que é dor?

‘‘A dor é tão necessária como a morte." Autor – Voltaire
"As dores ligeiras exprimem-se; as grandes dores são mudas." Autor – Séneca
"É bom aprender a ser sábio na escola da dor." Autor – Ésquilo

             A dor é necessária? Existem dores sentidas e as que não sentimos? A dor é passageira ou algo constante do ser? Todas essas perguntas permearam e ainda permeiam a mente do homem desde sua gênese, em que chorou pela primeira vez em seu nascimento. A humanidade sempre esteve em contato com a dor, e sempre estará. Nesse sentido a dor é um caminho para o aprendizado sobre os limites do corpo, da alma e da mente humana.
        Antigamente a dor era vista somente como consequência da lesão tecidual, atualmente, entretanto a dor é vista como uma sensação complexa que aborda aspectos negativos relacionados a componentes afetivos, genéticos, comportamentais, psicológicos, emocionais e fisiológicos. Muitos estudos foram feitos e vários outros ainda estão em andamento sobre como o corpo percebe, transmite e interpreta a dor.
            Para isso a experiência de dor é dividida é dividida em seis fases essenciais: sensibilização, transdução, condução, transmissão, percepção e modulação.

Aspectos Bioquímicos e Biofísicos da dor

          A dor, geralmente, se inicia apartir de estímulos externos ou internos no organismo que, ao atingir os tecidos (em nível tecidual), liberam substâncias químicas conhecidas como algiogenicas11, que ativam os nocireceptores, que são os receptores sensitivos especializados, que se encontram em terminações nervosas livres, para recepção de estímulos relacionados à dor. A algiogenica11 despolariza a membrana dos nocireceptores desencadeando potenciais de ação e impulsos nervosos, o que caracteriza uma transmissão de impulso nervoso, que irá levar essa sensação até a medula espinhal. Para chegar ate a medula, esses impulsos são transmitidos por três fibras, a saber: fibras A-beta (transmite em alta velocidade o impulso), fibras A- delta e fibras C (sendo essas últimas responsáveis pela transmissão lenta do impulso doloroso).Ao chegar na medula, pela raiz posterior do corno dorsal, o impulso dirige-se ao encéfalo. Em nível encefálico, os impulsos são transmitidos a fibras nervosas, que estão conectadas com o tálamo cerebral, levando a sensação ao trato espinotalâmico, e conectadas com o trato espinorreticular, que é a parte baixa e mais central do cérebro, e é nessa última parte que os impulsos serão direcionados para o sistema límbico e córtex.
        Até agora, vimos que certos impulsos que sensibilizam os nocireceptores são tratados como ‘dor’, porém só em nível cerebral que realmente serão validados ou não como dor efetiva. Além desse detalhe, é importante ressaltar que o que conhecemos como dor é também influenciado por fatores culturais, ambientais e históricos do indivíduo, mesmo que a sensação de dor em nível bioquímico ocorra da mesma maneira.
        Como nosso enfoque não é discussão cultural a fundo e nem aspectos psicológicos da dor no indivíduo, seguirei com a parte comum da percepção dessa sensação: a manifestação química e física da dor.
          Desde o percurso da captação da sensação do estímulo relacionado com a dor até a transmissão dos impulsos causados pelas algiogenicas11 até o cérebro tem-se a ação de mecanismos moduladores, que influenciam qualitativamente e quantitativamente na percepção da dor, constituindo assim um sistema supressor de dor. A cada sinapse, os impulsos estão passíveis de modulação; nas áreas do córtex, sistema límbico e tálamo, os diversos impulsos são processados e transmitidos, de forma que o fluxo de alguns são facilitados e de outros dificultados. E é neste ponto que podemos conceituar dor em nível bioquímico e fisiológico, a dor consiste, portanto, em desequilíbrio entre quantificação e qualidade dos impulsos estimulantes da noção nociceptiva e a atuação do sistema supressor de dor. 
 
              A transmissão dos estímulos que conferem a sensação de dor pro meio da medula espinhal não é passiva. Existem certos circuitos intramedulares que podem modificar os estímulos e, consequentemente, interferindo na sensação dolorosa.
            Na parte terminal da membrana de neurônios pós-sinápticos da medula espinal possui três receptores de membrana: neurocinina 1( NK-1) para o receptor de opioide, AMPA e NMDA, que são receptores para o glutamato. Quando o impulso chega dos neurônios nocireceptivos e fazem sinapse com a membrana terminal dos neurônios dos circuitos intramedulares, os potenciais de acao seguem três tipos de caminhos distintos:
  • Do corno posterior para o corno lateral, em que emite fibras simpáticas em direção aos vasos sanguíneos a fim de produzir vasoconstricao e hipóxia, por via reflexa.
  • Do corno posterior para o corno anterior, que emitem fibras direcionadas aos músculos esqueléticos com o objetivo de contrai-los e provocar hipóxia na região, que ira liberar mais substancias algiogenicas desencadeando o circulo vicioso dor-espasmo-dor, que e muito comum em quadros de dor crônica.
  • Do corno para fibras direcionadas ao córtex cerebral, que são as chamadas vias nociceptivas ascendentes.
 
           Quando o impulso chega ao córtex, e o local onde, de fato, sera reconhecida a dor devido a sua acao de inicio do sofrimento, que e inerente a dor. E isso já e a fase da modulação. A modulação tem vários tipos: segmentar, supra-segmentar, medular e supramedular. O tipo segmentar, as fibras A-beta terminam em forma de receptores que irão responder pela sensação tátil, de pressão e de propriocepção consciente. A supra-segmentar ocorre por meio do sistema analgésico central descendente e suas fibras produzem encefalinas q agem nesse sistema e promoverão a produção de serotonina e noradrenalina, por sua vez esses neurotransmissores descem pelo sistema ate chagar na membrana do terminal pre-sinaptico e que, então, realizara a inibição por meio da hiperpolarizacao da membrana
            Após a fase da modulação, o ciclo da dor esta completo e agora pode-se dizer que realmente a dor pode ser sentida.

Bibliografia

Besson JM. The neurobiology of pain. Lancet 1999. 353:1610-1615. 2. Woolf CJ, Mannion RJ. Neuropathic pain. Lancet 1999;353:1959-1964. 3. Carr DB, Goudas LC. Acute pain. Lancet 1999;353:2051-2058. 4. McCormack K, Twycross R. COX2 - selective inhibitors and analgesia. Pain Clinical Updates 2002;X:1-4. 5. Gozzani JL. Fisiopatologia e Neurofarmacologia da Dor, em Yamashita A, Takaoka F, Auler Jr JOC, Iwata NM. Anestesiologia.
             
            Então, por hoje e so isso. Sintam-se a vontade pra mandar comentários com quais quer duvidas que existam, conselhos ou sugestões.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Fenômenos do Sono

              O que acontece enquanto dormimos? Os fenômenos que acontecem durante o nosso sono não foram bem entendidos pelos cientistas até hoje, mas é fato que não é um simples descanso: há atividade cerebral em todo o período e durante um estágio particularmente curioso, há características similares às da vigília. Aqui estão resumidos alguns dos acontecimentos clássicos do sono, geralmente medidos num exame chamado polissonografia.

As diferenças fisiológicas entre o sono e a vigília podem ser avaliadas por uma série de métodos: eletrocardiograma, para aferir a frequência cardíaca, eletromiograma, para medir o tônus muscular, eletro-oculograma, para verificar os movimentos oculares e o eletroencefalograma (EEG), para monitorar a atividade elétrica cerebral. Durante a vigília, o EEG mostra ondas não sincrônicas, num ritmo rápido e de baixa voltagem. Durante o sono, geralmente aparecem ondas num ritmo lento e de alta voltagem, que representam a sincronização dos neurônios ativos. Além disso, pode ser medido o nível de resposta a estímulos externos, que se traduz na facilidade em acordar durante o sono.
O primeiro estágio do sono é caracterizado pelo meio termo entre vigília e sono, com boa resposta a estímulos externos, mas EEG característico do sono. No segundo estágio, o EEG é marcado por períodos em que as ondas se tornam de alta frequência, depois voltam à baixa frequência característica do sono. Nesses estágios, o sono é considerado leve, mas já há diminuição da frequência cardíaca, do tônus muscular e dos movimentos oculares. No terceiro e no quarto estágios, as ondas têm frequência ainda menor e amplitude maior, e é difícil acordar nesses estágios. Ao mesmo tempo, frequência cardíaca, tônus muscular e movimentos oculares permanecem baixos.
Em seguida, ocorrem grandes alterações: há uma drástica redução do tônus muscular, ao mesmo tempo em que os movimentos oculares aumentam muito, eleva-se a frequência cardíaca e as ondas cerebrais voltam a parecer com as da vigília, de alta frequência e baixa voltagem. Esse é o chamado sono REM (de Movimento Ocular Rápido, ou Rapid Eye Movement em inglês). Nesse período geralmente ocorrem os sonhos. Após o sono REM, inicia-se um novo ciclo de sono. Os ciclos geralmente duram aproximadamente 90 minutos, sendo que há alterações na duração dos estágios: o sono REM torna-se mais duradouro nos ciclos finais, ao passo que os estágios 3 e 4 tornam-se mais curtos, e o estágio 1 só ocorre uma vez, no início da noite de sono.
brain waves of different sleep stages
Ondas cerebrais típicas nos diferentes estágios do sono
Bibliografia:
LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios? Conceitos fundamentais da neurociência. São Paulo, Atheneu, 2010 Segunda Edição

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Miastenia gravis


                Olá, leitores! Hoje irei informá-los sobre uma doença que afeta as junções neuromusculares, a miastenia gravis. Essa é uma patologia autoimune, ou seja, os anticorpos da pessoa afetada passam a atacar estruturas do próprio organismo. Nesse caso, os alvos desse ataque imunológico são os receptores nicotínicos de acetilcolina presentes na membrana da célula muscular pós-sináptica. Os anticorpos ligam-se a esses receptores e os degradam, impedindo a transmissão do estímulo nervoso por meio de acetilcolina na região afetada e, portanto, dificultando a contração muscular. O que desencadeia essa resposta imunológica é ainda desconhecido. A doença é mais comum em mulheres acima dos vinte anos de idade. Após os sessenta anos, passa a ser mais comum em homens. 
                Mesmo em pessoas não afetadas pela miastenia gravis, nem toda a acetilcolina liberada encontra um receptor. Quando esse neurotransmissor não se liga a nenhum receptor, uma enzima chamada acetilcolinesterase quebra as moléculas de ACh. Por ter uma quantidade reduzida de receptores de ACh, a probabilidade dessa substância transmissora encontrar um receptor e propagar o impulso é menor no paciente acometido por essa doença. Assim, há fraqueza muscular e, em exercício físico, quando há maior exigência de contração, fadiga extrema. Essa fraqueza muscular pode afetar músculos da face causando problemas como estrabismo, ptose (queda das pálpebras) e dificuldade na fala. Quando em repouso, o quadro de cansaço e fadiga melhora, por não haver grande exigência muscular.
                O tratamento pode ser feito por meio de medicamentos ou intervenção cirúrgica. Uma das possíveis ações de medicamentos para tratar essa doença é a inibição da acetilcolinesterase, fazendo com que as moléculas de ACh não sejam degradadas e tenham mais tempo para encontrar receptores disponíveis. Isso gera uma melhora temporária no quadro de fraqueza muscular e fadiga, havendo necessidade de aplicações regulares da medicação. Outra possibilidade de atuação do tratamento por drogas é a supressão imunológica, visando diminuir a degradação dos receptores. O tratamento cirúrgico, atualmente menos empregado devido à possibilidade de tratamento farmacológico, consiste na retirada do timo, um dos órgãos do sistema imunológico. Essa retirada resultaria em uma menor produção dos anticorpos que atacam os receptores das junções neuromusculares.

Esse é um vídeo que mostra uma paciente com miastenia gravis e o resultado do tratamento farmacológico dessa doença:



                Espero ter esclarecido os mecanismos da miastenia gravis e algumas das formas de tratamento dessa doença. Para qualquer dúvida ou sugestão, sintam-se à vontade para fazer comentários. Continuem acompanhando nosso blog e até a próxima postagem!
               
               
Bibliografia: