Portanto, vemos que ansiedade e
estresse estão bastante presentes no dia a dia de muitas pessoas. Sem falar no
grande salto no número de pessoas diagnosticadas com depressão. Ocorre que esses
três podem estar bem relacionados. Um artigo publicado na revista Nature
Neuroscience em 2010, de autoria de uma brasileira, Ana Cristina Ribeiro Guimarães,
e auxílio de uma equipe canadense demonstra bioquimicamente que esse elo ocorre
por meio da interação dos reguladores do hormônio cortisol (também conhecido
como hormônio do estresse) e do neurotransmissor
serotonina (que como já explicado anteriormente, está vinculado à depressão).
Distúrbios de estresse e ansiedade
seriam fatores de risco para a depressão porque, a
sinalização dos receptores serotoninérgicos tipo 2 (5-HT2AR e 5-HT2CR) é
potencializada pela ativação de CRFR1 (Type 1 Corticotrophin Releasing Factor
Receptor).Ok, agora vou explicar um pouco melhor sobre isso. O CRF1 é um
receptor acoplado a uma proteína estimulatória e que entre suas várias funções,
regula a liberação de adrenocorticotropina (ACTH). Essa substância normalmente
é liberada em situações de estresse, o que provoca o aumento de
glicocorticoides e resulta numa série de alterações metabólicas. Sabendo que
alguns medicamentos que atuam nos receptores de serotonina do tipo 5-HT2R ajudam
no comportamento ansioso, os pesquisadores resolveram unir a proteína Gq (que
está acoplada a CRF1) a receptores tipo 2 da serotonina. E então eles
demonstraram a ativação do receptor CRFR1 causa o aumento da densidade de
5-HT2AR e 5-HT2CR, e consequente aumento também na sinalização das células com
esses receptores. Esse fenômeno ocorre especificamente com essas substâncias,
pois testes que utilizaram ao invés do receptor CRFR1, o receptor CRFR2 não
tiveram o mesmo resultado. Ainda é
necessário um processo de reciclagem rápida dos receptores CRFR1, para isso,
todo esse mecanismo é dependente de estruturas chamadas de domínios PDZ, que
ajudam no transporte desses receptores.
Dois testes comportamentais
realizados em camundongos demonstraram que agonistas do CRFR1 e 5HT2R,
provocavam um aumento de ansiedade quando aplicados em conjunto diretamente no
córtex pré-frontal. No entanto, a aplicação de um antagonista do 5-HT2R, não
provocou nenhum aumento ou mudança no comportamento ansioso. Portanto, esses
resultados sugerem que é necessário o funcionamento perfeito dos dois
receptores estudados para que haja alguma alteração comportamental.
No geral, esse estudo aborda termos relacionados ansiedade, serotonina,
estresse, corticotropina, depressão. Enfim, fora toda a lição da bioquímica, é
bom entender e ficar atento que entre todos os males causados pelo estresse e
ansiedade, pode ocorrer algo mais grave, a depressão. Portanto as dicas que
deixo, todo mundo já ouviu falar e são muito simples (ou não, para alguns): ter
uma vida saudável, regrada, com disciplina, praticar exercícios físicos e
mentais, e lógico, não se irritar com coisas bobas ou criar expectativas de
algo e que acaba tirando seu precioso sono. E também, claro, muito importante,
é não deixar as coisas para vigésima quinta hora, como vovó já dizia.
Pessoal, fico por aqui.
Bilbliografia:
http://www.nature.com/neuro/journal/v13/n5/abs/nn.2529.html#
http://www.medicina.ufmg.br/inct/?p=65&lang=pt-br
https://www.ufmg.br/online/arquivos/anexos/Neuroscience_Magalhaes.pdf
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