"Afeição
viva por alguém ou por alguma coisa / Sentimento apaixonado por pessoa do outro
sexo / Inclinação ditada pelas leis da natureza: amor materno, filial. /
Paixão, gosto vivo por alguma coisa: amor das artes / Zelo, dedicação:
trabalhar com amor. / Amor platônico, amor isento de desejo sexual." Dicionário
Aurélio.
"Amor é fogo que
arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento
descontente; É dor que desatina sem doer..." Poeta português Luís de Camões.
‘‘A melhor definição
de amor não vale um beijo.’’ Machado de Assis.
Falar de amor é sempre um assunto que requer muita calma, emoção e por
que não razão? Várias pessoas afirmam que o amor é somente algo emocional,
regido apenas pelas leis dos sentimentos e somente no âmbito das emoções. E a
razão, onde se encaixaria nesse processo?
Faço um pequeno
empréstimo das sábias palavras de Friedrich Nietzsche, em que o célebre
filósofo proferiu que ‘‘Há sempre alguma loucura no amor. Mas há
sempre um pouco de razão na loucura’’ e nessa grande profusão de sentimentos
puros e até insanos a ciência encontrou razão nesse emaranhado. E essa razão
encontra-se em pequena dimensão, mais precisamente na ação de
neurotransmissores, hormônios e outras pequenas substâncias químicas.
Com o
advento da tecnologia das Imagens de Ressonância Magnética e Tomografia por
Emissão de Pósitrons, vários cientistas da área neurológica mostraram grande
interesse na neuroquímica e neurofisiologia das emoções e sentimentos. Assim,
essas novas formas de coletar materiais para estudo científico possibilitou que
cada sentimento pudesse ser correlacionados com suas respectivas manifestações
neurais. Além disso, em estudos feitos em pequenos mamíferos e outros animais,
mostraram que dopamina, oxitocina e vasopressina se mostraram importantes nesses
processos. Essas substâncias também são participantes dos relacionamentos
humanos, assim como a serotonina, o cortisol, o fator de crescimento nervoso e a
testosterona.
A fórmula do amor, em conjunto aos
elementos anteriormente citados, é a chave que une o processo da atração
seguido do processo da ligação dos seres envolvidos no processo, o que se
convém chamar ‘‘apaixonar-se’’. Esses dois processos, para a biologia, contém
tanto a atração sexual quanto a associação parental a fim de construir o
cuidado parental para a prole.
O amor quando se manifesta por
sintomas como sudorese, aceleração dos batimentos cardíacos, aumento do
peristaltismo e até dilatação das pupilas, pode ser uma situação bem adversa
para o equilíbrio do organismo assim como uma situação de estresse. E essas
situações em suas variações dentro dos padrões podem encorajar o individuo a
interações sociais a fim de retornar ao seu equilíbrio. No início da manifestação
do sentimento, devido a sua incerteza, permite que o nível de cortisol eleve-se
e o hormônio folículo estimulante (FSH) reduza-se, que demonstram o inicio da
inter-relação social.
Depois da fase inicial, a oxitocina e a vasopressina tomam
seus lugares no processo. Elas estão relacionadas à formação de laços afetivos
mais duradouros e intensos, de forma a preparar território pra um
relacionamento mais estável e equilibrado e também na formação da
memoria-emotiva, que é aquela em que o ser apaixonado lembra-se das feições,
dos cheiros e até dos gestos do ser querido com grande amplitude de detalhes .
Além disso, também estão relacionados ao sistema de recompensa da dopamina. Esse
circuito de recompensa cerebral segue a seguinte rota dentro do sistema
límbico: área tegmentar ventral – núcleo accumbens – córtex pré-frontal. Os
estímulos nessa rota provocam sensações boas e de prazer ao indivíduo e
levando-os a tentarem novamente adquirir os estímulos que geram essa sensação
prazerosa , de forma que, no caso do amor, é importante para a formação afetiva
e fazer com que ele seja uma experiência gratificante assim como o prazer, a
alegria, a paixão e o desejo.
A dopamina tem recebido uma atenção
especial dos cientistas da área por sua ação na questão do humor, afeição e
motivação. Certamente, esse neurotransmissor também tem relação estreita com o
amor, e juntamente com a endorfina estimulam os circuitos de recompensa. Assim,
atuando no núcleo caudado, área tegmentar ventral e córtex pré-frontal, regiões
do cérebro ricas em dopamina e endorfina, são responsáveis pela mudança no
sistema cardiovascular como elevação do ritmo cardíaco e da pressão arterial,
pelo rubor, também enaltece a sensação de que ‘‘o amor é lindo’’ dando ao
individuo mais motivação, coragem, disposição, apesar de desestimular o apetite
e o sono. Sintomas clássicos da fisiologia do amor.
Além da dopamina, há
outra substância importante nesse processo: a feniletilamina. Essa substância,
assim como a noradrenalina, contribui para a formação de memória a novos
estímulos, a mesma que remete às lembranças do cheiro da roupa, da voz e do número
do celular do amado. Ela também é importante na produção da dopamina, uma vez
que a estimula juntamente com a produção de noraepinefrina.
Agora, você leitor, pode conferir
que você ama a partir do circuito área tegmentar ventral – núcleo accumbens –
córtex pré-frontal em seu cérebro ou pode também continuar dizendo que ama do
fundo do coração, que não irei negar que é mais potético, entretanto quero que se
lembre que ‘‘Há
sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura’’.
Bibliografia:
The Neurobiology of Love ,Tobias Esch1, 2 & George B. Stefano2
Berscheid E (2010) Love in the fourth dimension. Annu Rev Psychol
61:1–25.
Brumbaugh CC, Fraley RC (2006) Transference and attachment: how
do attachment patterns get carried forward from one relationship to
the next? Pers Soc
Psychol Bull 32(4):552–560.
Bartels A, Zeki S (2000) The neural basis of romantic love.
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